BFiE02

"Você realmente acreditou que estava enganando alguém?"

Era a Izagaia de antes. Ela deve ter me seguido secretamente até aqui.

"Você pode parecer com uma Kisé; no entanto, eu vi através dos seus truques, seja você quem for."

"Se você valoriza a sua vida, você vai me dizer quem te mandou aqui."

A porta pela qual eu estava ouvindo se abre. Não consigo enxergar muito bem, mas consigo identificar uma das duas
figuras lá dentro. Era a Pajé.

"Qual é o significado disso? O que vocês duas estão fazendo aqui?"

"Pajé, por favor, mantenha a distância. Eu acabei de capturar uma espiã."

"Uma espiã? Cê tem certeza dissu?" Uma menina que estava atrás do Pajé pergunta.

Ela acena com a cabeça "Não tenho dúvidas. As Kisé sabem que este andar está fora dos limites. Ela estava agindo de

forma suspeita antes, então eu a segui até aqui. Foi quando a peguei em flagrante. Ela deve ter planejado algo."

Eu consigo me forçar a sentar de joelhos. Meu coração está batendo tão rápido.

O que devo fazer? Espiã ou não, eu realmente estava ouvindo a conversa delas. Mas eu não tinha ideia que esse andar era
da Pajé... eu nunca teria...

A Pajé pega o pacote do chão e caminha lentamente em minha direção.

"Venha até mim, criança, e me diga: este pacote é seu?"

"Sim, é verdade." Eu respondo, temendo o pior.

"Pajé, cuidado! Pode ser perigoso."

A Pajé se vira segurando o pacote, agora aberto.

Tem cheiro de castanhas assadas.

"De que maneira? A espiã poderia me trazer meu lanche? Foi isso que você pensou?"

Há um silêncio constrangedor por um momento, eventualmente quebrado por uma gargalhada alta.

"Yeehehehehee! Cê tem cuidado, Paulinha. Ela pode ti fazê pulara janta!"

A Izagaia está chocada. Parte de mim quer se sentir mal por ela agora, mas a outra parte está doendo demais para se
importar.

“Na batalha, o julgamento de um líder será a diferença entre a vida e a morte. Espero que você se lembre dessa
experiência no futuro, criança.”

"S-Sim Pajé!" Ela responde, quase tropeçando ao sair.

Eu poderia estar sorrindo agora se não fosse pela Pajé furiosa olhando para mim. Ela nem precisa falar nada, eu já sei
o que ela quer ouvir.

"Eu sinto muito. Eu estava tentando entregar este pacote, mas eu me perdi. Eu ouvi alguém conversando e... Foi tão
simples, mas fiz as coisas mais difíceis para mim mesma

Ela continua olhando. Eu tento encontrar as palavras certas, mas nada mais me vem à mente. Do nada, a moça que estava
com a Pajé se manifesta.

"Eii. Todu mundu cometi erros, certu? Num é grandi coisa."

"Hmm, certo. Obrigada!"

"Mas cê nuzouviu. O que cê acha qui deveria fazê?"

"Eu não deveria dizer nada sobre isso?"

"'Sobri uquê?"

"Huh? Mas você acabou de perguntar... Ah, esqueçe."

"Essi éu espíritu!"

Até a Pajé parece estar confusa. Pelo menos ela não parece mais zangada.

“Jovem Hirokat, compreender os próprios limites é o primeiro passo para a iluminação. Então, por favor, da próxima vez,
peça informações à alguém.”

"Sim, Pajé. Eu entendo."

*** *** ***

Eu agradeço a Hirokat pela entrega enquanto voltamos para dentro. Essa distração quase me fez esquecer as notícias
recentes.

"Um lanchium show. Nunca tem um momentu di tédiu poraqui, sabi?"

"Num vomenti, nunca entendi pur que o Cara Lá Em Cima tava tão decididu a usa Fadas. Eu queru ter o que ele teve
naqueli dia."

Muito poderia ter sido dito, mas não posso discutir com o estômago vazio.

"Tipo, eu gostu das baixinhas. Mazelas num são as mais ispertas, sabi?"

Lembro-me de ter dúvidas semelhantes no passado. As Hirokaria têm demonstrado potencial para se tornarem grandes
aliadas da nossa causa, apesar de momentos como os de hoje.

Rezo para que um dia Aiyra perceba isso e acredite na vontade de Deus Tupana.