Capítulo 6: Onde os Coincidentes Brotam – Primeira Metade
As estações passam, as plantas crescem e as folhas mudam de cor. À medida que o tempo passa, aqueles que acumularam
experiência nas suas viagens têm a oportunidade de partilhar a sua sabedoria com outros.
Uma história ilustrada baseada na série Touhou.
"Eu não sei se consigo fazer isso", admito com tristeza. "Me desculpa, Pakua. Olha, eu sei o quanto você está ocupada e
eu quero ajudar, mas... e se eu estragar tudo?"
"Relaxa. Você vai ficar bem," ela diz. “Já garanti que você não vai sair do berço direto para a maratona”, acrescenta
ela. "Também que já ta hora de você se envolver. Deixar de ser uma novata."
Meus olhos encontram o chão. Pakuá está certa. Quanto tempo já faz desde que eu vim para Nusokén? Eu não posso depender
dela para sempre. Eu suspiro, "Ta bom. Então, tudo que tenho que fazer é me apresentar e levá-las em um tour até o
festival hoje à noite, certo?"
"Sim. É fácinho", ela sorri. "Você já pensou no que dizer?" ela pergunta. Eu aceno, limpando a garganta e forçando um
sorriso: "Olá. Bem-vindas a Nusokén! Sou Kasu, sua guia para hoje. Venham comigo e deixe-me mostrar-las as maravilhas
da nossa terra."
Pakua ri: "Viu? Você nasceu pra isso. Bora, vamos ver nossas convidadas." Enquanto caminhamos, eu me sinto energizada.
Os raios quentes do sol me envolvem, uma brisa carrega o aroma agradável de flores próximas. As forças da natureza
foram gentis comigo hoje.
Subindo em uma colina, temos boa vista do local: o Rio Waikurapá.
Meu queixo cai. Junto ao rio havia dezenas, não, centenas de Fadas, como um buquê colorido que se espalhava pelas suas
margens. O rio em si era anormalmente largo, uma vista que me lembrava a praia de uma cidade da costa durante o verão.
Como se estivesse lendo minha mente, Pakua concorda: "Aham, é verão mesmo. Ainda bem que elas vieram nesse rio. Elas
vão se animar se virem um 'oceano'." Eu concordo. Essas fadas provavelmente se perderam no caminho para as férias de
verão.
Chegamos à multidão que era tão barulhenta quanto parecia do morro. "Kasu, por aqui!" Eu ouço através da cacofonia de
vozes. Eu me concentro em não me perder.
Abrimos caminho pela multidão, finalmente encontrando um grupo de cerca de oito Fadas. Duas deles eram Kisé como nós.
Eu sorrio, lembrando de repente o quão estranhas nossas roupas pareciam comparadas com o que as Fadas normalmente
vestem.
Após uma conversa rápida, as duas Kisé vão embora. Pakua se vira e diz: "Vou levar cinco Ipohyk; você vai levar a
última." Ela aponta para uma Fada solitária que olha para mim e encara, um sorriso suave se formando em seu rosto. Eu
engulo minha saliva.
É agora. Hora de mostrar o que posso fazer.
"O-Olá, sou Kasu. Estou aqui para te levar embora... para Nusokén... Bem-vinda!"
*** *** ***
“Enquanto em Nusokén, todas as Ipohyk são sempre acompanhados pelas Kisé até o Debukiry”, eu explico para a Fada me
seguindo.
Sendo a responsável por ela, eu resolvi nos tirar do rio. Se eu fosse fazer isso, primeiro eu precisaria ser capaz de
me ouvir pensando denovo.
Me Viro para ela e continuo: "Ah, at ikahu sese koiti'i. At pe sēse hakup. En apo etikuap?" seria bom quebrar o gelo,
eu penso.
"..." Ela encara, permanecendo em silêncio.
Foi algo que eu disse? Não, talvez ela seja só tímida.
"Uh, karania akai'u ereine'en?" Eu pergunto.
Ela ainda está só olhando.
Mas também, eu ainda não ouvi ela dizer uma palavra. E se ela não conseguir falar? Meu Deus! Não é a toa que as forças
da natureza estavam sendo tão gentis.
Eu movo os braços, esperando fazer um gesto que ela entenda. Uma parte de mim teme acidentalmente dizer algo errado,
mas o que mais eu posso fazer?
“Perdão, mas eu não entendo o que você está dizendo,” ela responde calmamente.
A verdade me atinge. Ela consegue falar sem problemas. Fui eu que não considerei que talvez alguém de fora não fosse
fluente em nossa língua.
Eu suspiro de frustração. Isso significa que ela não entendeu nada do que eu disse? Não pode ser isso. Por que mais ela
me seguiria até aqui?
"Não, ta tudo bem. Deixa eu repetir o que eu disse." Respiro fundo, lutando contra a vontade de colocar a mão no rosto:
"Nós, er, você. Você é uma Ipohyk (flor); eu sou uma Kisé (faca); sou sua guia turístico por hoje." Continuo: "Hoje à
noite teremos um festival. Depois disso, você terá a opção de se mudar para cá, se você quiser."
"Ah, isso parece otimo!" ela responde alegremente: "Para onde vamos primeiro?" Eu olho em volta, pensando em um lugar
que ela iria gostar. Num instante, uma visão familiar na distância decide tudo.
"Vamos por ali, er," eu paro, "me desculpa. Eu esqueci de perguntar seu nome mais cedo. Meu nome é Kasu." Ela sorri,
"Prazer. Eu sou Iris, Iris Prado."
*** *** ***
Eu lembro do quão incrível G̃etap Wato parecia de perto. Claro que Nusokén tinha as suas maravilhas naturais, mas nada
se compara a grande mansão construída por fadas(?).
Eu vejo figuras passando pelas janelas do andar de cima. Guardas Izagaia em patrulha.
Uma memória passa rapidamente. Eu estremeço, instintivamente me protegendo de nada.
Não. Nunca mais. Eu já sabia que não deveria vagar sem orientação. Este lugar poderia ser tão perigoso quanto bonito
para os curiosos e os sem noção. A dor invisível no meu peito era prova disso.
Passeamos pelos corredores externos da mansão. Suas paredes e pilares foram talentosamente decoradas com entalhes e
pinturas, complementando seu telhado de palha. Mas o melhor estava por vir. A verdadeira razão pelo qual escolhi vir
aqui.
Íris suspira. Eu sabia. Esta foi uma ótima idéia.
Flores coloridas nos rodeiam, delicadamente cuidadas e cultivadas num caos controlado. Um olhar poderia dizer que o
jardim central da mansão era a tela de alguém, uma obra de paixão. No seu centro, um castanheiro envelhecido –
provavelmente a coisa mais antiga aqui – repousava como se estivesse sendo abraçado pelo edifício inteiro.
Meu rosto fica vermelho quando uma voz na minha cabeça sugere escalar, só de brincadeira. Em vez disso, eu escolho
sentar ali e relaxar. Não que eu estivesse com sono, mas Iris parecia estar se divertindo explorando o jardim central.
Além disso, eu merecia dar uma pausa.
Se Nusokén estivesse vivo, este seria o seu coração, eu penso.
Vários minutos se passam. Eu falo: "Ótimo lugar, não é? Que tal irmos ver os Campos de Cultivo em seguida, Iris?" Por
mais pacífico que aqui fosse, eu já estava pronta para seguir em frente, e confiante de que Iris já havia terminado de
dar uma olhada.
Abrindo os olhos, o jardim cai em silêncio. Iris já havia partido há muito tempo.
CONTINUA