Capítulo 7: Onde os Coincidentes Brotam — Segunda Metade
É a sabedoria adquirida ao longo da vida que nos dá os meios para ajudar os outros, às vezes impedindo-os de cometer os
nossos erros do passado. Então foi a perspectiva no coração da garota.
Uma história ilustrada baseada na série Touhou.
Eu tinha um trabalho: vigiar e guiar a Ipohyk; mostrar a ela as maravilhas desta terra. Um trabalho importante para o
crescimento do nosso clã. Eu não podia me dar ao luxo de perdê-la de vista daquela forma.
Mas hoje foi diferente, as forças da natureza estavam do meu lado. Não demorei muito para encontrar Iris, que estava
nos Campos de Cultivo o tempo todo.
"Íris!" Eu grito. Ela se levanta, interrompendo seu ataque a um morangueiro.
Porque você saiu? Eu estava muito preocupado. O que você tem? Nunca faça isso de novo. Muitas palavras flutuam em minha
mente, mas nada sai. Não tem o porque, ela não sabia. Além disso, meu objetivo é impressioná-la, não assustá-la.
Iris me entrega sua cesta em alegria, me oferecendo os morangos que havia pego. Eu suspiro com uma mistura de raiva e
alívio, olhando em volta e notando outras fadas pegando as colheitas. Deve ter sido ideia da Pajé. Que forma melhor de
convencê-las a se juntarem a nós do que oferecer algumas das melhores frutas que vão provar na vida?
Dando os ombros levemente, faço um gesto para que nos sentemos em uma mesa próxima. Poderia ter sido pior. Trazê-la
aqui fazia parte do meu plano em primeiro lugar.
"Como você encontrou este lugar?" — pergunto, dando uma mordida em um morango. “Eu estava com fome, então perguntei a
essa guarda gentil onde poderia conseguir comida”, diz ela. Eu pisco, “gentil” seria a última palavra que eu usaria
para descrever uma Izagaia.
Considero questionar por que ela simplesmente não me perguntou, mas concluo que ela deve ter pensado que eu tinha caido
no sono mais cedo.
"Mmm! Você come isso todos os dias?" Íris pergunta. Eu sorrio: "Todos os dias, tanto quanto você quiser." Sinceramente,
temos comida é demais aqui. "Mas não coma demais. Vai por mim, o festival hoje a noite vai te surpreender." Outra
maravilha de Nusokén: as fadas daqui sabiam realmente preparar um bom peixe.
Ver os morangos me dá uma ideia. Certo, posso não ser boa em cozinhar ou colher, mas aprendi uma coisa ou outra com
Pakua. Eu coloco meu plano em ação.
"Você sabia? Os morangos são mais doces quando você os come assim que amadurecem", explico. “Eles são ótimos durante o
verão. As melhores bagas nativas aqui.”
Iris pisca, aparentemente perdida em pensamentos. Argh! Ficou óbvio demais?
A cabeça dela se inclina, “Kasu... morangos são frutas da primavera, os primeiros a amadurecer. Alguns tipos são
trazidos de longe porque eles não crescem neste ambiente. Eu tenho quase certeza de que estes são alguns deles. O que
você acha?"
Meus olhos se arregalam. Fui pega em minha própria armadilha.
Ela continua solenemente: "E tenho quase certeza de que também não são bagas, viu? Suas sementes estão fora. Você sabe
como são chamadas?"
Olho em volta por uma janela pela qual posso pular.
“Pensando bem, *como* eles crescem aqui? Não deveria ser possível.”
"Er, ei! Esqueça os morangos. Você acabou de comer, certo? Ótimo. Vamos para o próximo local." Insisto, puxando Iris
pelo braço.
"Onde vamos em seguida?" ela pergunta.
Lá se vai o meu plano, mas ainda há esperança.
“Tukandeira”, eu respondo.
*** *** ***
"Fácil, não é? Ai você vai tentar evitar tocá-las", eu digo com confiança.
"Ah, deixa eu tentar! Deixa eu tentar!" Iris responde com admiração.
Eu só precisava de um céu aberto. Iris pode ter um conhecimento assustador sobre morangos, mas não tinha como ela estar
preparada para isso.
"Tem certeza? Você não prefere me deixar fazer isso?" Eu pergunto. Por mais divertido que seja o jogo, leva um tempo
para ficar bom nele.
"Eu quero atirar! Eu quero atirar as balas!" ela protesta. "Formigas-bala", eu corrijo, "Tudo bem. Você começa e nós
revezamos, ta bom?"
Tomamos distância. Eu me preparo e dou um sinal para Iris. Como esperado, as mãos dela brilham intensamente.
Em um instante, o céu está cheio de lindas cores. Eu cuidadosamente me esquivo da primeira onda, da segunda e da
terceira. Eu sinto orgulho. Ela aprendeu mais rápido do que eu, rápido demais, sinceramente.
Trabalhar duro todos os dias fica chato. A Pajé sabia disso e inventou um jeito de brincarmos enquanto treinamos. A
dança da Tukandeira acabou sendo um grande sucesso.
Me lembrei da minha primeira vez jogando esse jogo. Minha mistura de choque, horror e alegria ao ver algo de tirar o
fôlego. Dizem que cada padrão reflete no que está dentro de você. Eu me pergunto como Iris deve estar se sentindo
agora.
"Bom trabalho. Você pode parar agora, é minha vez de atirar", anuncio.
Ela me ignora.
Com cuidado, eu voo mais perto. "Íris, você pode me ouvir?" Eu pergunto.
Iris ri, "Kasu, olha! Olha o que eu consigo fazer!"
É tarde demais. Percebo meu erro quando uma onda de formigas-bala me leva embora.
...
Caindo mais fundo, meus sentidos ficam entorpecidos.
Uma parte de mim deseja gritar enquanto sufoco.
Mas minha mente permanece calma.
Sinto-me tão grande quanto o mundo, tão pequeno quanto uma pedra.
Sussurros nostálgicos limpam meus pensamentos.
Bondade. Cura. Fortificação...
*** *** ***
Debukiry, o festival do nosso clã.
Fadas de todos os tipos se reúnem sob o luar. Os sons da música as incitam a dançar perto da fogueira. Cheiros de
comidas deliciosas atraem quem tem desejos. É um momento de celebração para as crianças de Nusokén, velhas e novas.
Fico sentada observando Iris participar do festival, calmamente sem saber a como me sentia. Ela olha para mim e acena,
me convidando. Balanço a cabeça, sem vontade. Estou tão distraída que não percebo Pakua sentado ao meu lado.
"Ei. Como foi o trabalho de babá? A Ipohyk te causou algum problema?" ela pergunta. Sem virar a cabeça, respondo:
"Não, foi ótimo. Ela vai se enturmar sem problemas."
Pakua pisca. Qualquer um podia dizer que algo estava errado.
Para minha surpresa, ela diz alegremente: "Beleza! Sabia que tu conseguiria. Acho que consegui todas as minhas também,
mas só vai dar pra saber mais tarde da noite."
Continuamos a assistir as festividades juntas, em silêncio. Depois de um tempo, percebo que Pakua não esta saindo para
se juntar a elas ou fazer qualquer outra coisa.
"Então, quando tu vai chegar naquela parte onde tu me conta o que te fez se sentir como lixo?" Ela pergunta de uma vez,
quase me fazendo cair da cadeira.
"Pakua, eu..." Eu suspiro, "Deixa eu perguntar uma coisa. Você já quis se tornar uma Izagaia?" Pakua vira a cara,
pensando cuidadosamente. "Não. Nunca gostei daquele tipo de trabalho. Por quê? Ta afim de bater em alguém?" ela brinca.
"Não, é só", hesito, "todo mundo é bom em alguma coisa. Era isso que eu estava pensando." Penso em Pakua, Iris e até em
Wasa'i, apesar de suas mentiras.
No que eu sou boa e o que vou fazer sobre aquilo?
A música para, o silêncio repentino interrompendo meus pensamentos. Vejo a Pajé parada perto da fogueira. Incontáveis
Ipohyk – incluindo Iris – foram reunidas.
A Pajé aponta para uma Izagaia, pedindo a quem não quiser se juntar a nós que a siga para fora de Nusokén. Cerca de
três dúzias de Ipohyk fazem isso. Íris fica parada.
Após a saída, a Pajé volta a falar, desta vez acompanhada de sons de música. Meus lábios se movem por conta própria,
ecoando suas palavras quase perfeitamente.
"Vocês se tornarão as maiores bênçãos da natureza. Vocês farão o que é bom. Vocês serão poderosas. Vocês superarão
doenças e trarão cura para aqueles que acreditam em seu poder. Vocês atenderão aos pedidos de ajuda de almas perdidas.
Os fracos irão segui-las vocês irradiarão o poder da juventude."
Uma luz brilhante – como a do Sol – me força a cobrir os olhos.
"E assim, com o poder da bondade, da cura e da fortificação. Deixe-os estar com vocês hoje, amanhã e por toda a
eternidade. Deixe esta ser minha profecia."
A lua brilha conforme as festividades continuam.