Capítulo 8: Implorações Silenciadas — Primeira Metade
Com o tempo, os laços de amizade se fortalecem. Em sua presença entre aliadas, a jovem fada se vê ficando mais sábia.
No entanto, algumas coisas nunca mudam...
Uma história ilustrada baseada na série Touhou.
"Isso mesmo", eu sussurro. "Agora segura firme. Desse geito, e..." Prendo a respiração enquanto bato no ombro de Iris,
dando a ela o sinal para atirar.
Nós nos sentamos na canoa solitária, quebrando o silêncio com um suspiro coletivo. "Ah, isso é tão difícil", ela
reclama. "Mas como? O peixe estava bem ali."
Eu sorrio, "Tudo bem, Iris. Sabe, pescar com arco também não foi fácil para mim."
Tem sido uma de pescaria lenta. Nuvens enchem o céu, complementando a atmosfera sombria. Como flechas invisíveis, os
ventos frios perfuram minha alma, me fazendo tremer ao pensar em quão fria a água deve estar em comparação.
Pakua ri, "É, você devia ter visto a primeira vez dessa. Ela se inclinou para trás demais e caiu no rio. A flecha dela
deve ainda estar presa em uma daquelas árvores", ela aponta para o outro lado do Rio Andirá.
Iris sorri, "Que legal. Então foi você que ensinou ela a pescar, Pakua?"
"A primeira e única", ela diz, batendo no peito com orgulho. "E antes disso, outra pessoa me ensinou também. É assim
que fazemos as coisas por aqui, Novata."
Percebo que com Iris aqui, o título de Novata deve ter sido passado adiante. Não sei se devo me sentir feliz ou
substituída, talvez os dois?
A cabeça de Iris se inclina, "Hmm, então todas as fadas aqui começaram como eu..."
"Claro", eu digo. "Todo mundo foi uma Ipohyk em algum momento, até nós."
"Eu estava pensando", ela diz, olhando para o rio. "Você me disse que as plantas em Nusokén crescem rápido. Não é
porque Nusokén é cheio de vida? Ah, desculpa, vocês também pode sentir, certo?" Pakua e eu trocamos olhares, sem saber
o que dizer.
"Se sim, um lugar como este não teria suas próprias fadas? Umas que não cruzavam o rio." Olhamos para Pakua na
esperança de uma resposta. Ela pensa por um momento e dá de ombros, "Sei lá. Se elas existem, eu não conheci nenhuma."
*** *** ***
"Beleza, que se dane", Pakua declara de repente, assumindo o controle da canoa. "Quem pediu para fazermos isso pode ir
pro inferno. Eu não vou sentar aqui e morrer de frio por um peixe." Iris olha para mim com uma expressão de "Ela pode
fazer isso?". Eu levanto minha mão, dando um gesto para ela não se preocupar.
"E os peixes, Pakua?" Eu pergunto. Pakua balança a cabeça, "O animal que nos mandou aqui nesse tempo nem vai perceber."
Enquanto a canoa navega pelo rio, a cabeça de Iris se inclina, me dando o sinal para perguntar o que foi. "Kasu, não
deveríamos estar indo em direção à costa?" ela pergunta.
Sem olhar para trás, Pakua interrompe, "Nada. Se formos por aqui, vamos estar de volta onde começamos. Sei lá, chama de
um atalho." Eu concordo. Por algum motivo, ambos os rios de Nusokén dão uma volta infinita, mesmo sem nenhuma curva. Eu
imagino como eles devem entrar e sair do jardim. Provavelmente algum tipo de feitiço.
"E se formos por ali?" Iris aponta para o outro lado do rio. A canoa de repente desacelera e Pakua franze as
sobrancelhas. "Ah, não. Você *não* quer ir por ali, Vai por mim. Nem me pergunta o porquê. Não vou te contar."
A reação dela me pega de surpresa. Ela geralmente me conta essas coisas. Seja o que for, deve ser sério. Iris faz
beicinho, "Por que não? Eu quero saber!"
"Nem vem, não to contando", ela cruza os braços. "Talvez quando você for mais velha."
Aquele sorriso...
Iris balança os braços, "Ei, eu sou velha. Eu sou velha. Me fala! Me fala agora!"
"Bom, se você insiste... Essa parte de Nusokén é proibida, ninguém pode entrar lá, ninguém!" Pakua se aproxima e
sussurra, "É por causa do fantasma."
"Quê? Um fantasma? Eles existem?" pergunta a fada que existe.
"Ho ho, claro. Dizem que se você visitar o Rio Andirá perto da meia-noite, você pode ver do outro lado do rio. Uma luz
misteriosa vindo de algum lugar atrás das árvores. É o fantasma do Pescador Ardente, to te dizendo."
"Aie! Mas por que um fantasma iria querer viver aqui?" pergunta a fada de Nusokén.
Pakua continua, "Ouvi dizer que é porque ele vive em uma caverna cheia de tesouros." Os olhos de Iris brilham, "Ou,
como um dragão? Que legal!"
Por que um fantasma guardaria um tesouro? Isso é bobagem, eu penso.
"Mas! Ninguém que ousou ir lá... nunca... VOLTOU!" A canoa balança violentamente, Iris quase caindo de horror. Pakua se
deita rindo, saboreando outro plano bem-sucedido.
O atalho funciona bem, chegamos rapidinho ao nosso destino: G̃o'yp Hyp. A formação de grandes árvores, conectadas por
pontes de madeira, serve de lar para nós, fadas Kisé. Sentindo-me surpreendentemente cansada, digo adeus as minhas
amigas.
*** *** ***
Knock knock knock!
Em um instante, sou expulsa da terra dos sonhos. me arrastando até a porta, olho pela janela e me pergunto se Deus
esqueceu de ligar o Sol. Quem quer que estivesse atrás da porta, parte de mim desejava nunca mais vê-lo.
Esfrego os olhos, "Iris? Pakua? O que você está fazendo aqui?" Admito que se não tivesse visto a escuridão lá fora,
teria pensado que dormi demais.
Pakua sorri, "Se veste, Kasu. É hora de uma caça ao tesouro."
...Quê?
Iris acrescenta, "Pakua pensou em tudo. Eu trouxe uma lâmpada. Também é quase meia-noite, então ninguém vai estar por
perto para nos ver pegando uma canoa emprestada."
Você também, Iris?
"Eu quero ver o tesouro. Vamos!" Eles batem as mãos.
Pisco lentamente, tentando lembrar do sonho que acabei de perder.
*** *** ***
"Não, você ainda não nos contou", esclarece Iris. Depois de atravessar Andirá, nós, não, elas estão agora explorando a
parte proibida de Nusokén enquanto eu ando sonâmbula logo atrás. Está tão escuro que mal consigo ver a luz da lâmpada
de Iris à frente.
Pakua coça a cabeça, "Bom, é meio que uma história longa. Tipo, tinha um pescador chamado Ain Membyt. Ele vivia sozinho
porque as entranhas dele eram feitas de fogo."
E daí? As entranhas das pessoas são feitas de fogo quando elas bebem, eu penso.
"Mas tudo mudou depois que ele fez um amigo. Um dia, depois de pescarem, ele usou seu fogo para cozinhar. Seu amigo
perguntou se ele poderia levar o fogo para casa, mas não durou. Então, Ain deu pra ele um fogo que duraria pra sempre."
"Uau. Como ele fez isso?" pergunta Iris. Pakua sorri, parando para pegar um pedaço de pau do chão. Ela o segura atrás
das costas, "Ele pegou um pedaço de pau e esfregou assim."
As duas morrem de rir. Eu sorrio, sem energia suficiente para fazer o mesmo.
"Mas o que isso tem a ver com tesouro?" Eu sussurro, quase sem mover a boca.
"Você vai ver... Venha por aqui." Eu movo a cabeça, continuando a me arrastar meio adormecida.
Depois de algum tempo, percebo que Pakua e Iris pararam de falar. Eu sorrio, tentando aproveitar aquele novo silêncio
enquanto ele durasse.
Se eu tivesse prestado atenção antes, teria percebido que eu estava sozinha.
CONTINUA